Como é sabido, essa caixa utilizada por PSA e Renault é muito polêmica. Seus problemas crônicos são de conhecimentos de todos: solenóides, vazamentos, trancos e o polêmico fluido "long life".
Quando o Sandero automático fui lançado, a imprensa noticiou que a caixa tinha sido "aprimorada".
Diante disso, tentei obter informações técnicas em concessionárias Renault, mas os consultores me disseram apenas que "houve mudanças importantes".
Não satisfeito com a resposta, resolvi ligar diretamente para a fábrica no Paraná, e pedi para falar com o Gabriel Bella, que é o engenheiro responsável pela área de desenvolvimento de motor e câmbio da Renault do Brasil.
Fui muito bem atendido pelo Gabriel, que respondeu pacientemente às minhas dúvidas. Ele explicou o seguinte:
1) De fato houve problemas com essa caixa, quando utilizada no Mégane e na Scénic, pelo fato da mesma não ser adaptada às condições climáticas do Brasil , bem como o tráfego pesado das grandes cidades.
2) O problema consistia no superaquecimento do fluido, à faixa de 115/120º C, devido à refrigeração deficiente. Isso ocasionava alterações na pressão e no fluxo do fluido, ocasionando os famosos trancos.
3) O superaquecimento também ocasionava a degradação das juntas da caixa, contaminando o fluido e diminuindo sua vida útil, além de vazamentos.
4) O problema crônico dos solenóides já tinha sido resolvido anteriormente, na época do Mégane, com a substituição da Acutex pela Borg Warner.
5) A correção desses problemas levou 2 anos, pois a Renault considerou inadmissível usá-la em novos produtos sem as alterações necessárias, que foram as seguintes:
- Substituição do trocador de calor, por um de maior capacidade.
- Maior vazão nos dutos de refrigeração, nova arquitetura da tubulação.
- Novo calculador (módulo), adaptado às novas leis de emissões e aos parâmetros do motor flex.
Essas alterações foram adotadas em nível mundial pela Renault, que também usa essa caixa nos Logan e Sandero europeus. O Gabriel me disse que as condições brasileiras são de longe as mais severas submetidas à AL4/DP0. Admitiu a falta de tropicalização da mesma e disse que a Renault descartou imediatamente a hipótese de adaptá-la ao Logan e ao Sandero sem as devidas correções.
Acredito que a PSA mudou o nome da caixa justamente por causa dessas alterações. É fabricada por uma empresa onde a Renault tem 80% de participação e a PSA tem 20%. Confiram:
http://www.renault.com/en/groupe/develo ... ruitz.aspx
http://www.renault.com/fr/groupe/renaul ... ruitz.aspx