Revivendo a polêmica das campanhas publicitárias da CAOA-Hyundai, saiu hoje um editorial do Best Cars Web Site, sobre o assunto com alguns esclarecimentos muito interessantes:
"Na propaganda de outro modelo importado pela Caoa, o utilitário esporte Tucson, a citação aos "oito airbags" também está presente, mas há mais. Há várias semanas o modelo importado da Coreia do Sul — onde está saindo de produção para ceder lugar ao IX35 — é anunciado como "made in Brazil", embora a produção em Anápolis nem sequer tenha começado. O exercício de futurologia vai além. Abaixo do "made in Brazil", a Hyundai-Caoa anuncia que "em breve, o Tucson nacional será exportado para os EUA, Europa e todo o planeta".
Será mesmo? Mercados desenvolvidos e exigentes não costumam aceitar produtos defasados, já substituídos por novas gerações no país de origem, como o Tucson. Também para Quatro Rodas, a empresa mudou bastante o discurso ao falar em "um feeling" de que fecharia contratos para vender o modelo na América Latina e na Europa. Como feeling é apenas uma expectativa, cria-se um abismo entre o que garante o anúncio e o que realmente pretende a empresa
Pesquisa do J.D. Power
Tudo isso se refere ao que a Hyundai-Caoa anuncia no presente, mesmo após tanta repercussão de propagandas anteriores com inverdades e distorções. No ano passado a fundação Proteste notificou-a por divulgar como itens de série, no modelo Veracruz, recursos que não estariam disponíveis no mercado brasileiro. Depois o Tucson foi anunciado como líder da categoria, em uma lista que "esquecia" o Sportage da empresa-irmã (na Coreia) e concorrente direta (no Brasil) Kia, levando esta marca a protestar ao Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Este ano, a mesma Kia foi "esquecida" quando a Hyundai divulgou ter superado a Ford em vendas mundiais no primeiro semestre — vitória que só acontecia quando os números de Hyundai e Kia eram somados.
E há a já
famosa questão dos títulos de qualidade relacionados ao J.D. Power, um instituto de pesquisa independente dos EUA. Segundo a Caoa, a Hyundai seria "a melhor dos USA em qualidade (...), superando BMW, Honda, Toyota, Audi e todas as outras marcas". Num desses anúncios do Azera e do Tucson, no jornal Folha de S.Paulo, vê-se um asterisco junto à frase, mas não há observação a respeito em toda a página. Encontrei-a na página ao lado, a do I30:
o título refere-se ao estudo inicial de qualidade pelo instituto, que analisa defeitos nos três primeiros meses de uso do carro, e o título de "melhor" deixa de lado marcas consideradas "exclusivas" pela Hyundai-Caoa — Lexus, Porsche e Cadillac —, que tiveram melhor colocação que a dela na pesquisa.
Se for considerado o estudo de confiabilidade após três anos de uso do mesmo J.D. Power, a Hyundai cai para 14º lugar, atrás de Honda, Toyota, Audi (as mesmas que ela diz superar em qualidade) e várias outras marcas, "exclusivas" ou populares. Se você fica só três meses com o carro, pode desprezar o segundo estudo...
Um ponto importante é que a pesquisa se refere ao leque de modelos da Hyundai vendidos nos EUA, que inclui o pequeno Accent, o médio Elantra e o grande Genesis — nenhum deles disponível hoje no Brasil. Os dois últimos foram os melhores de suas categorias no estudo de 2009, o que levou a marca à boa posição na tabela geral. No entanto, o que importa é o que existe no mercado brasileiro, certo?
No mesmo estudo de qualidade inicial tão alardeado pela importadora, o carro-chefe da marca no Brasil — o Tucson — está em 23º lugar entre 23 utilitários esporte compactos, com nota média 2 entre 5 possíveis. Ou seja, o "melhor" é na verdade o pior de sua classe, segundo o instituto. Os demais modelos vendidos aqui não aparecem nas tabelas da J.D. Power (o I30 nem poderia, pois não existe nos EUA), mas
suas notas no mesmo estudo de 2009 variam entre o bom 4 do Santa Fe e o desprezível 2,5 do Veracruz, passando pelo 3,5 do Azera.
O filtro de mentiras, portanto, é hoje uma necessidade que o mercado de informática precisa atender com urgência. Mas é bom que se reserve um grande espaço para o arquivo de informações suspeitas que o programa venha a filtrar. Em se tratando da Hyundai-Caoa, não vai faltar conteúdo com tarja vermelha.
Fonte Best Cars Web Site:
http://www2.uol.com.br/bestcars/editorial/atual.htm