Gostei muito do que escreveu, retrata o perfil de quem compra um carro por paixão (e pode pagar por isto) e não como um negócio.
marcelomatos escreveu:Olá, galera!
Também concordo com os depoimentos do Boldfinger e do VTR. Entendo que automóvel, ao contrário do que muitos pensam no Brasil, não é investimento. Investimento são ações, fundos de renda fixa, poupança, ouro, entre outras modalidades.
Entendo também que as perguntas que se deve fazer, antes de comprar um automóvel, é: Para que quero um carro? Qual a finalidade? Qual a sua utilização?
Bem, baseado nesses três questionamentos, eu e minha esposa fomos à luta em Novembro de 2010 à procura do nosso carro ideal. A resposta era uma só: um carro que nos dê prazer enquanto estamos com ele, que seja bonito, que o nível de conforto seja alto e que comporte a nossa família (eu, ela e nossos três pequenos filhos) de maneira confortável, com um bom espaço para bagagens para eventuais viagens.
Pesquisamos e testamos mais de 20 veículos, sem definir um conceito, e vimos Peugeot 207 Passion, SW e 307, Hyundai i30, Nissan Livina e Grand Livina, Honda Civic, City e Fit, Fiat Punto, Citroen C4 Hatch, Pallas e C3, Toyota Corolla, Chevrolet Zafira e Meriva, Ford Focus e Ecosport, Volkswagen Voyage, Renault Megane, e alguns menos cotados que não me recordo... O engraçado é que ficamos com o primeiro test-drive, o C4 Hatch, nosso atual.
Enfim, vocês podem perceber que fomos bastante ecléticos na busca do nosso novo "filho", para substituir o Polo Hatch que tínhamos. E aí, amigos, quando vem a decisão é que assumimos o risco de tê-la tomado.
O C4 Hatch é um p**a carro, todos aqui já sabem. Contra todas as suas virtudes, estão o fato de ele fazer, de bom humor, 8km/l (o meu está nos 6,5km/l na cidade e 13km/l na estrada), de ele ser baixo e resvalar o fundo no quebra-molas e em rampas de acesso mais íngremes, de fazer barulho quando passa em pisos irregulares (tenho pedido ao pessoal da CCS para reapertar, de 3 em 3 meses, a suspensão, o que ameniza bastante), de ser largo o bastante para termos que, nos shoppings, entrar devagar nas curvas, de não caber em qualquer vaga, seja pela largura, seja pelo comprimento (o mesmo de uma Grand Livina!!!), de ter seguro alto, de ter as peças de reposição caras, de não achar facilmente algumas no mercado paralelo (tem algumas até que não existem), de ter um pós-venda de m..., que beija a sua bunda para você comprar o carro e te sacaneia depois da compra (acho que não difere muito das outras), e até de despertar a inveja alheia (ah, isso tem!!! rsrsrsrs)
Meu carro roda todos os dias, assim como um táxi. Durante a semana com a minha esposa, no corre-corre de trabalho, colégio dos meninos, atividades esportivas e culturais deles, de levar a sogra para passear (hehehehe), e no final de semana comigo, rodando para tudo o quanto é lado com a família. Rodamos uma média de 1.500km/mês com ele. E nesse ínterim já tivemos algumas despesas, tais como:
a) Troca das lâmpadas dos faróis baixos dianteiros direito e esquerdo (R$ 23,00 cada lâmpada na CCS);
b) Troca da palheta do limpador de parabrisa dianteiro esquerdo (R$ 95,00 na CCS);
c) Troca do pneu traseiro esquerdo rasgado ao subir numa calçada (R$ 470,00 o pneu Pirelli + alinhamento + pino de válvula + balanceamento na Widmen);
d) Troca do retrovisor esquerdo, levado pelo ônibus na rua (R$ 350,00 com desconto na CCS);
e) Rodízio dos pneus + balanceamento + alinhamento (R$ 245,00 na Widmen).
Sem contar as despesas com a revisão de 10.000km, combustível, lavagem e acessórios, gastei R$ 1.183,00.
Rodando todos os dias, e acontecendo estes mesmos fenômenos com um Celta, Gol, Palio ou outro mais barato, certamente eu teria gasto 1/3 deste valor (ou até menos). Mas, quando eu decidi comprar o meu Citroen C4 Hatch GLX 2.0 16v BVA 2011 fuderoso, eu assumi todos os riscos já colocados aqui (também fiz pesquisa nos sites e fóruns especializados antes de comprá-lo).
Cheguei a ouvir do vendedor da Honda (onde estava quase certa a compra do City EX, que desisti ao receber uma proposta tentadora do vendedor da Citroen) que eu estava fazendo a maior burrada em comprar um Citroen, que as peças são caras, que dá muito problema, que desvaloriza, que blá, blá, blá... ele só esqueceu de me dizer que não se compara Honda City com C4... enfim, caguei para tudo isso.
Este é meu segundo Citroen (o primeiro foi um ZX Coupé 16v BR 1995/1995). De lá para cá, já tive GM, Fiat, Renault, VW, Ford, mas... vamos falar sério, o que é um Citroen perto deles?
Enfim, "cerquei o frango" para dizer que estou muito satisfeito com o "Transformers". No saldo desta conta, o valor é positivo, e muito. Nada se compara a dirigir este carro em uma estrada como a de Itaipava, que é um tapete (forumeiros, lembram do encontro deste ano, onde parecíamos estar em um filme do Carros?), de ter todos os controles do carro à mão, de usar e abusar de sua tecnologia, de ter prazer ao perceber olhos de admiração das pessoas, de ao chegar em casa, olhar para ele na garagem e ter a impressão de que ele percebe e te responde abstratamente...
Por isso, amigo do Pallas, que você tenha sido feliz enquanto o teve. Agora, na despedida, é hora de esquecer a conta e os transtornos, porquê, apesar da magia do carro 0km no ato da compra, e assim como nós, um dia eles envelhecem, e ao acontecer isso, sentem o peso da idade e mostram os sinais de fadiga. E isso é sinal de que você o aproveitou o bastante, de que apesar disso tudo ele ainda o reverencia, porquê um dia você o admirou, o considerou... sei lá, desculpe, mas tenho uma visão meio romântica quando se trata de carro... não acredito que os que estão aqui o considerem simplesmente um meio de transporte. E assim como nós, mais velhos, eles tem mais experiência. Imagine uma cena de Cars, da Disney, e ele parado no sinal, ao lado de seus concorrentes. Perceba o quanto ele se orgulha de ter mais experiência que eles, mais novos. Do quanto se orgulha de, apesar da idade, ainda chamar bastante a atenção por onde passa. Do quanto, ao arrancar no sinal, se mostra vigoroso e potente. Do quanto, no final das contas, valeu a pena ter te servido.
Amigo do Pallas, um "até breve" ao clube dos donos de Citroen. E que você seja feliz com o Cruze, enquanto durar esse relacionamento!